Seria o público mesmo respeitado? Será que muitos artistas se respeitam? Será que eu estou errada? Já começo indagando porque, às vezes, me sinto um peixe completamente fora d'água, nas areias do Saara.
Enfim, começou a Campanha de Popularização do Teatro. O que tem de bom nisso? TUDO! E de ruim? Tudo também. Explico: 70% das peças são do mais profundo besteirol que, espremendo, não sai sequer uma frase relevante. O público simplesmente gosta disso.
Mas e eu que não gosto? Sim, detesto besteirol. E odeio qualquer peça que me faça sentir uma idiota. Não estou afim de rir do ridículo. Nem gosto quando colocam a imagem do homossexual como uma figura esteroptipada. E odeio quando tem peça de "mineiros", o tempo inteiro falando "uai, sô", "nóis pode". Dá vontade de sair gritando com os atores, o diretor, a produção: "galera, quer falar do interior de Minas? Vá ler Guimarães Rosa!"
É... mas o povo ainda quer o ridículo. Nas filas imensas dos postos Sinparc, essas peças esgotam numa facilidade absurda. Enquanto as peças mais "cabeça", sobram lugares. Das melhores peças, algumas ainda conseguem lotar os teatros, como Galpão, Mimulus, Armatrux. Mas ainda está longe de comemorar.
Ontem mesmo, na fila, consegui convencer um casal a comprar ingresso para a peça AQUELES DOIS E eles ainda me disseram que NUNCA pensavam em ir nessa peça, e, segundo eles: "A GENTE GOSTA DE RIR". Eu revidei: "JÁ PENSOU EM COMEÇAR A PENSAR?". SIM, eles compraram.E eu saí feliz com a minha boa ação.
Hoje aconteceu a mesma coisa. A mocinha na minha frente, super simpática e com uma enorme vocação para ser inteligente. Estava procurando uma peça bacana que a faça pensar e rir. Ah, claro, a convenci comprar ingressos para ELIZABETH ESTÁ ATRASADA. Tomara que ela goste.
Mesmo salvando 3 pessoas, ainda faltam muitas para serem resgatadas desse universo.
Mas... por que eu tô escrevendo isso? Hoje, voltando do trabalho, liguei na rádio Guarani e ouvi uma nova música da Marisa Monte. Me emocionei com a letra. Adoro tudo que ela canta, tenho todos os cd's. E aí comecei a pensar nos meus ídolos.
Quando era criança, meus pais compraram um som com cd (na época, um luxo), e de cara, compraram um cd da Marisa Monte. Eu devorei com os ouvidos aquelas músicas, como que num ritual antropofágico. Cada letra me inspirava... "FARINHAR BEM, DERRAMAR A CANÇÃO, REVIRAR TRENS, LOUCO MOVER PAIXÃO". E acreditem: eu tinha apenas 8 anos.
E a partir daí, meu gosto musical passou por Chico Buarque, Roberta Sá, Milton Nascimento, Abba, e até Spice Girls.
Ano passado me dei de presente um ingresso para o show do Chico Buarque. Ver ele no palco me causou uma emoção sem tamanho. Eu pensava: "sou fã das letras dele. O pai dele é um dos maiores sociólogos brasileiros, e escreveu um dos meus livros favoritos. Eu estou de frente com ele... Oh, emoção sem tamanho!"
O meu ídolo o é porque existe uma história que nos rodeia. Assim como Marisa Monte, que fará show em BH em 2012 (e eu, claro, vouuuu).
E agora? Será que toda pessoa possui uma história com seu ídolo? Ou repete "ai se eu te pego" porque é fácil, e correr atrás do Michel Teló é mais confortável? Sei lá. A culpa pode ser minha. De ser tão mesquinha e não conseguir escutar axé por mais de 20 segundos.
Eu devo ser bastante ridícula por isso. E devo ser também porque quero comemorar meu aniversário assistindo uma peça. Até chamei algumas amigas pra ir comigo, mas elas responderam que preferem sair pra beber. Ok, mas o aniversário é meu, ok? Comemoro aonde quero, e eu vou ao teatro.
É, realmente, a culpa é minha. E a Clarice na minha cabeceira me confirma tudo isso.
Ainda bem que os melhores amigos tem os mesmos gostos que eu. Ou não seriam amigos, certo?
Agora, para deixar minha cabeça mais "borbulhante", estou indo assistir O LUSTRE. Alguém anima???
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