O fim da linha, do apego, do outro.
Terminar um relacionamento não é tarefa fácil. Quando se mora junto então, torna-se algo complicado e a sinestesia das horas ficam indigestas e cheirando azedo.
E assim é a atmosfera do espetáculo ISSO QUE CHAMAMOS, TALVEZ POR ENGANO, DE AMOR. A CIA DRÁSTICA entra no universo de Caio Fernando Abreu e mostra um casal separando os pertences e discutindo o indiscutível: o fim de uma relação desgastada.
No fim de um relacionamento, parece que beijo é melhor, o abraço é mais aconchegante, as brigas são mais densas e, por vezes, cheias de farpas desnecessárias.
E dentro de um apartamento aquela peça acontece, como se os espectadores fossem mosquinhas naquele universo. Num clima mais fiel possível, a dupla de atores Carloman Bonfim e Ludmilla Ramalho tentam se desvencilhar querendo se enroscar mais.
Trocam palavras cruéis, mas sempre com a necessidade do outro. O triste e difícil rompimento que teima em não ser amigável.
Os atores usam todo o apartamento, tornando-o extremamente familiar. Entramos de cabeça na atmosfera da perda e da re-descoberta do eu sozinho.
E assim a trama corre. Corre num tempo longo e cheio de sofrimento. É difícil admitir que não deu certo e se enxergar sozinho no mundo. Mais difícil ainda é admitir que o OUTRO não é alicerce de vida nenhuma. O OUTRO não é metade da laranja e nem tampa de panela.
O OUTRO É SIMPLESMENTE O OUTRO.
As incompletudes não são sanadas pelo OUTRO, tampouco as carências.
E assim, os atores vão interpretando os rompimentos e as mazelas sentimentais de tal forma que nos deixam inebriados no ambiente sutil de um apartamento, com barulhos de vizinhos e cachorros.
Vale a pena assistir... se emocionar e torcer para um final, quem sabe, feliz!