.:POETIZANDO COMO UM SUSPIRO DE DENTE DE LEÃO:.

O BRANCO DA BRANCA




Esse branco tão branco
aquece os dias.
Esse branco tão nítido
conforta e me tira do frio.

Um branco tão forte
e que não dói.

Um branco que nunca esquece.

Uma branca que caminha.
Uma branca que acerta.
Acerta o alvo, a flecha, a dor.
Acerta o caos.

Essa branca que faz esse branco.
Tão sutil e tão forte.

Essa branca, tão branca,
aquece os dias com suas cores.
Cores de luz.

Esse branco, tão forte,
é tão branco e tão quente.

O branco do conforto.
A branca da saudade. 


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RISCANDO O RISCO 
 



Risca o chão.
Risca a vida.
Risca o corpo.
Se arrisca.

Com esse giz desgastado
vá arriscando sem parar.
Sem medo das linhas que forma,
sem medo de tentar.

Não pare, é bonito.
Cada risca nada significa
Mas todas juntas formam um mosaico.
Mosaico de chão.
E as linhas todas de um só giz.
Linhas de quem arrisca. De quem risca.

Risca, risca. No chão, no mundo.
No teto que não tem fim.
No chão que só tem começo.
No infinito do corpo.
No vão da alma.

Riscado de fome
Riscado de dor.
Riscado de febre
Riscado de Flor

Risque, Risque
Não pare.
Arrisque.

Pule na forma
Pule no pulo
Pule no vão
Pule no chão

Vá riscando e não páre.
A fome é de arte.
A forme é para não sentir dor.
Arrisque.

Vá riscando e verás
as formas diversas
os sonhos no chão

Vá usando todo o seu giz
Vá brincar de desenhar.
Risque sempre
Pule mais
Vá pulando e não esqueça
que a dor desaparece ao ARriscar.

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INFÂNCIA PUERIL


Naquelas águas escuras ela sentava
Ficava a ver o pôr do sol na vagareza de um verão
Olhava para os morros em volta
Gostava do verde que mudava com a cor do sol
Via árvores, via pássaros.
Suas pequenas mãozinhas
pegavam a areia escura
daquela água escura.
E nesse ritmo lento, ela olhava o sol
Sol fraco e sutil
Sol se pondo preguiçosamente atrás do morro
Quantos morros, quanta vida!
E aquela tão pequena
Tinha uma alma cheia de cor.
Não sentia frio nem fome.
E o tempo, naquele momento,
Simplesmente parou.
Como era linda aquela cena.
E ela ali, sozinha a admirar.
A menina se levanta e se vai.
Estava na hora do banho
A mãe ia se zangar.
Entrou dentro de casa
E continuou a sonhar...
Como era lindo o sol se por...
E aquela imagem em segredo guardou.

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O VAZIO DE NADA



Tudo o que ela queria era ver a mesa cheia.
Mesa farta de gente.
Mesa cheia do todo.
Mas ela estava ali parada.
Balançando-se com a cadeira
E vendo uma mesa vazia.
Não, ela nunca estava cheia.
Ela era vazia de cor, de gente.
Era vazia de sombra, de gesto.
Aquela mesa era só.
Tinha um vazio de mesa virgem.
Um vazio profundo que gritava.
gritos insistentes que teimavam em permanecer ali.
Gritos insanos e solitários.
Os gritos não vão embora.
E a mesa nunca será cheia.
E a companhia que ela queria
Nunca ia chegar.
Ela tinha amigos
Tinha flores, tinha fitas.
Mas ela não tinha alguém para sentar à mesa.
Mas afinal, o que aquela mesa faz ali?
Mesa posta, mesa grande.
Mesa cheia de nada.
E seu sonho seria somente sonho.
O sonho de ver a mesa cheia.
Mesa cheia do todo. 

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