FACÍNORA
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Altamente chata, implicante, intolerante, consciente, nada sinestésica e muito sarcástica.
A personagem criada por Bruno Caldeira rompe com a hipocrisia e joga a bola para o espectador: quem conseguir ficar até o final, entende o enredo.
Quando assisti FACÍNORA pela primeira vez, fiquei perplexa.
Era época de Verão Arte Contemporânea e Campanha de Popularização. E lá estava eu com meu caderninho a postos montando minha agenda.
Consigo achar peças excelentes de terça e domingo. Ou seja, nesse período, minhas noites ficam repletas de cultura.
Lembro que aquele nome tinha me chamado a atenção. (até porque o VAC chama muito a atenção).
A peça era numa quarta (o dia estava repleto de comédias besteirol).
Tiago ainda citou uma peça da Campanha que ele tinha se interessado, e eu lembrei "Não! Hoje tem Facínora".
Confesso que nem li a sinopse. Fui por causa do nome.
Quando a peça começou, vi que FACÍNORA ocupava os quatro cantos daquele teatro.
Comecei a pensar na pós graduação que eu estava fazendo, e nas aulas em que tanto debatíamos cultura. Realmente, vivemos na cultura do cinismo e das completas vulgaridades. É aquela velha história... segundo pesquisa do IBGE, 98% da população brasileira se diz não preconceituosa, mas conhece pelo menos uma pessoa que é...!?
Depois que li vários artigos da Lilia Moritz Schwarcz, entendi mais ainda o propósito de tudo aqui.
Facínora nos dá um tapa na cara. Nos faz engolir a nossa dura realidade. Enquanto intolerantes, enquanto inconsequentes, enquanto tiranos.
Saí da peça intrigada. Como teria apresentação no dia seguinte, resolvi chamar os amigos. E claro, fui novamente. Queria ter a certeza de que sim, aquela peça existia.
Desta vez, vi duas pessoas abandonarem o teatro nos primeiros 15 minutos.
Escutava risinhos pelos cantos, e vez em quando, algum comentário: "que absurdo, que patético".
Sim, é patética a forma como a sociedade age. E para quem o espelho serve, a porta do teatro é mais que a serventia da casa.
Facínora nos tira da zona de conforto e nos coloca num cimento desagradável, cruel e real.
Vale a pena cada segundo de realidade.
Ah, esqueci de contar que, depois da peça, subi no palco, corri para o camarim para aplaudir os atores. E simplesmente me deparei com figuras fantásticas e simpáticas!!!
Ahhhhhhhhhhhhhhhh! E FACÍNORA ESTÁ DE VOLTA A BH!!!
de 18 a 21 de outubro (quinta a domingo)
sempre às 20h.
No espaço Multiuso do SESC PALLADIUM. (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro)
R$ 40,00 inteira
(se não aguenta, não suba o elevador e vá beber leite!)
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1 comentários:
Belíssimo! Sempre muito realista ao escrever... Nos remete a imaginar tudo!
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