5 de dez. de 2012

Nunca tive medo de aranhas. Morei numa casa onde as aranhas apareciam aos montes. Ganhei uma encicloédia das aranhas e conhecia cada tipo que por ali entrava: Armadeira, Marrom, Viúva Negra, Tarântula... Gostava de ver suas longas pernas se moverem.
Quando criança, cheguei a comer as pernas de uma. Como tinha 1 ano e a enciplopédia não me havia sido apresentada, não sei qual espécie foi digerida. Por sorte fui descoberta a tempo e tiraram o corpinho da aranha da minha mão. Daí eu acho essa foto e a lembrança volta... 
Engraçado... quando crianças enfrentamos nossos medos com tanta facilidade!
Ainda bem que continuo com esse espírito!


21 de nov. de 2012

TRAVESSIA....



- Qualquer estagiário faz o seu trabalho! Sua mão de obra é muito cara pra mim.

Assim terminou um diálogo. Aliás, um monólogo de um chefe megalomaníaco e, como dizem os mineiros: "uma verdadeira carne de pesçoco".

Saí de lá com um nó na garganta. Então, se é assim, por que me colocaste neste cargo? Comecei a entender que ele não me queria ali.
E EU? EU queria estar ali? Não, não queria. Mas era o trabalho que tinha. Sair dali e fazer o que? Aonde? Encontrar outro lugar que poderia ser ainda pior? Não gostava do ofício. E aquela era a terceira opção em 2 anos. Não queria passar por mais uma experiência intragável...

A avenida era comprida, poderia andar com um fone nos ouvidos. Lenine, este som. Ótimo. Fez um barulho dentro de mim. Andei até chegar no museu. Sentei em um banco debaixo das árvores. Acompanhei o sol se por na mais completa calmaria. Calmaria. Essa palavra me persegue. Procuro por ela. Mas cadê?
O vento de final início de outono esfria minha nuca. Eu estava viva!

Mas então, por que aturar tamanha humilhação? Se não gostava, não era melhor uma demissão? Mas não... Eu percebi que o Sr. Ruanda gostava de pisar no calo das pessoas. Já presenciei seu comportamento sádico com outros profissionais. O problema do "carne de pescoço" era dele, não meu.

Eu também estava errada por estar ali. Aliás, pior lugar que já estive. Sentia-me sufocada todo o tempo.
Um almofadinha que sentava ao meu lado fazia as vezes de chefe quando o "carne" não estava por perto. Cheio de tiques e casos misterioros, dava chiliques no corredor quando brigava com a pessoa amada.
Uma outra, coitada, com ares de rapunzel, que chegava à casa dos 40 sem nenhuma vaidade e pior, com a língua maior que os cabelos. Sabia da vida de todos. E o pior: sabia o pior da vida de todos.
Quando eu dizia que ia ao teatro, ganhava apelido de bizarra, estranha.

Repensava debaixo daquelas árvores. O vento na nuca estava bom. Levantei e fui pra casa. Senti, pela primeira vez, calmaria. A decisão estava tomada.

No dia seguinte, passei pela avenida pela última vez. Subi o elevador já sentindo o ar pesado.
Entrei, passei pela recepção e entrei na sala do "carne". Não, ele não estava. Somente seu sócio. Despedi-me agradecendo, e evitei maiores comentários sobre o fatídico monólogo. Ele não tinha culpa daquilo. E té hoje acho que ele é a única pessoa capaz de aguentar o Sr. Ruanda.
Ganhei um tapinha nas costas com aquela frase: "boa sorte".

Saí tranquila. Calmaria. Joguei as mãos para cima. Eu tinha deixado um passado pra trás. Um passado que eu tentava habitar e que não era meu. Que raios eu fazia nessa profissão?

Mudei tudo. O modo de vestir, colei milhões de gravuras na parede do meu quarto, abusei da pimenta na comida e procurei trabalho naquilo que gostava: a Arte!
Consegui. Consegui não apenas o trabalho. Consegui a liberdade. Interna e externa.

Outro dia recebi um telefonema. Era um estagiário! "Mas como você dava conta deste trabalho? Não estou conseguindo!".
É, Sr. Ruanda passou meu serviço para um estagiário. A mão de obra ficou cara demais.
Soube que perdeu clientes. E casou para manter a pose, mas tudo não passa de uma farsa.
Deve ser triste o Sr. Ruanda....

Recebi alguns emails de insulto por ter saído sem avisá-lo! E ainda, algumas outras baboseiras.Ele queria que eu retornasse para causar uma briga. E ele, claro, com seu vocabulário robusto, me colocaria no rodapé. Mas não fiz isso.
Coloquei o email na pasta AMIGOS. Não lhe quero mal.
Torço para que ele se encontre um dia. Ou se perca, quem sabe? O que for melhor...

Ah... Sr. Ruanda, você comprovou a eficácia de 3 frases:

* No fundo do poço tem mola
* É com um pé na bunda que se anda pra frente
* Passarinho que come pedra sabe o c* que tem....

Obrigada, Sr. Ruanda!!!!

TRAVESSIA..........................................


6 de nov. de 2012

Você trabalha com cultura?



Já ouvi muita bobagem por aí neste ano. E pelo visto, vou passar 2013 ouvindo mais...

Quando joguei a advocacia para o alto para trabalhar com cultura, não tomei uma decisão precipitada. Foram anos pensando, repensando e aperfeiçoando. 

Hoje, ouço frases do tipo: 

- Você trabalha com cultura? Está treinando para palhaça?

- Tira esse nariz de palhaço #ficaadica

- Quer passar fome? 

- E o concurso público, onde fica?

Realmente, a ignorância e mediocridade humanas me espantam (ainda). 
Não entendo o preconceito com os palhaços. 
Hoje fiz um curso com o pessoal CNIC (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura). A sala estava repleta de personalidades que muitos fazedores de cultura gostariam de conhecer. 
Inclusive, ouvi o relato de 3 palhaços que lutam com as Leis de Incentivo, pois não conseguem captar recursos. E vivem com a renda de ingressos, que muitas vezes são escassos. 
Por outro lado, o Cique de Soleil... melhor nem falar ou o infarto poderá ser certo... 

Não estou treinando para palhaça. Embora admire muito a profissão, minha área está para gestão. Mas não dispenso um bom circo. Acho linda esta arte milenar que se perde entre os dedos dos nossos governantes. Não há mais espaço para receber as tendas. BH e sua política higienista, por exemplo, massacra os circos e artistas de rua. 

Eu trabalho SIM com cultura. NÃO passo fome. NÃO sofro de depressão. NÃO fico sem ter o que fazer aos fins de semana. Transformo MEUS projetos em pequenos prazeres. Conheço pessoas INTERESSANTES. Sempre tenho ASSUNTO com os amigos. Tenhos AMIGOS. Consigo extravasar em um MUSEU. Viajo PARA visitar museus. Sempre tenho um BOM livro na cabeceira. Ministro palestras E cursos. 

Enfim, se meu nariz de palhaço me dá isso tudo, imagino o quanto um nariz faz falta na sua vida!!!

#FICAADICA




5 de nov. de 2012
CULTURA! HÃ?!

Hoje é dia nacional da CULTURA BRASILEIRA

E eu poderia tecer milhões de letrinhas para vangloriar nossas lindas manifestações culturais nacionais, nossos hábitos culturais que se renovam, se esgotam ou até mesmo se deterioram... 

Mas eu prefiro pedir a você, caro leitor, que faça um minuto de silêncio. 

Porque, neste dia tão especial, eu recebo uma notícia tão triste...

 TV Globo busca R$ 143 milhões em patrocínios para BBB 13, que tem estreia prevista para o dia 8 de janeiro.

É ou não é de massacrar na jugular??? 



E depois recebo a notícia que de CINQUENTA TONS DE CINZA está no topo da lista dos livros mais vendidos... 


Caio, me ensine a cortar cebolas! Meu canal lacrimal secou!!
24 de out. de 2012
Para a posteridade.... 



18 de out. de 2012
Tem coisas que foram feitas pra ser escancaradas. 

Como isso de agora. 

Como esse futuro. Será?

Como essa míngua de coisa que sai. Sairá?

Como esse dentro de mim que trai. Trai?

Como esse tempo que eu espero. Espero? 

Espero. 


16 de out. de 2012
FACÍNORA

............................................................


Altamente chata, implicante, intolerante, consciente, nada sinestésica e muito sarcástica.

A personagem criada por Bruno Caldeira rompe com a hipocrisia e joga a bola para o espectador: quem conseguir ficar até o final, entende o enredo. 

Quando assisti FACÍNORA pela primeira vez, fiquei perplexa. 
Era época de Verão Arte Contemporânea e Campanha de Popularização. E lá estava eu com meu caderninho a postos montando minha agenda. 
Consigo achar peças excelentes de terça e domingo. Ou seja, nesse período, minhas noites ficam repletas de cultura.

Lembro que aquele nome tinha me chamado a atenção. (até porque o VAC chama muito a atenção). 
A peça era numa quarta (o dia estava repleto de comédias besteirol). 

 Tiago ainda citou uma peça da Campanha que ele tinha se interessado, e eu lembrei "Não! Hoje tem Facínora". 
Confesso que nem li a sinopse. Fui por causa do nome. 

Quando a peça começou, vi que FACÍNORA ocupava os quatro cantos daquele teatro. 
Comecei a pensar na pós graduação que eu estava fazendo, e nas aulas em que tanto debatíamos cultura. Realmente, vivemos na cultura do  cinismo e das completas vulgaridades. É aquela velha história... segundo pesquisa do IBGE, 98% da população brasileira se diz não preconceituosa, mas conhece pelo menos uma pessoa que é...!?

Depois que li vários artigos da Lilia Moritz Schwarcz, entendi mais ainda o propósito de tudo aqui

Facínora nos dá um tapa na cara. Nos faz engolir a nossa dura realidade. Enquanto intolerantes, enquanto inconsequentes, enquanto tiranos. 

Saí da peça intrigada. Como teria apresentação no dia seguinte, resolvi chamar os amigos. E claro, fui novamente. Queria ter a certeza de que sim, aquela peça existia. 

Desta vez, vi duas pessoas abandonarem o teatro nos primeiros 15 minutos. 
Escutava risinhos pelos cantos, e vez em quando, algum comentário: "que absurdo, que patético".

Sim, é patética a forma como a sociedade age. E para quem o espelho serve, a porta do teatro é mais que a serventia da casa. 

Facínora nos tira da zona de conforto e nos coloca num cimento desagradável, cruel e real. 

Vale a pena cada segundo de realidade.

Ah, esqueci de contar que, depois da peça, subi no palco, corri para o camarim para aplaudir os atores. E simplesmente me deparei com figuras fantásticas e simpáticas!!!


Ahhhhhhhhhhhhhhhh! E FACÍNORA ESTÁ DE VOLTA A BH!!!

de 18 a 21 de outubro (quinta a domingo)
sempre às 20h.
No espaço Multiuso do SESC PALLADIUM. (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro)
R$ 40,00 inteira

(se não aguenta, não suba o elevador e vá beber leite!)




11 de out. de 2012
Hibridismo


O Senhor Osias acaba de ligar. Mas como o nome dele se transforma em poesia, eu, sem querer, faço-a transbordar:

_ Alô! Senhor Oásis?!

_ Oi!(ele finge não escutar).

No fundo, acho que gostou do novo nome.




Então me lembro de Manoel de Barros e sua enseada...

O rio que fazia uma volta
atrás da nossa casa
era a imagem de um vidro mole...
Passou um homem e disse:
Essa volta que o rio faz...
se chama enseada...
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás da casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.



Fica, então, Sr. Oásis... 
8 de out. de 2012
TRANSBORDAMOR  TRANSBORDADOR

Monto os espaços
Vivo o lúdico
Transbordo.
Bordo?

Redemoinho
Esconder no ninho
Pequenininho. 

E então se vai.
Sempre?
Pra quando?
Transbordador. 

Abraços que se partem. 
Bocas que se medem. 
Esquecem?

Acontecer
Envaidecer
Entristecer
Escurecer

Vem?
Encolho e reprimo. 
Quero. 
Volto. 

Espero.
Quieta.
Calada.
Cheia. 



27 de set. de 2012
Meio assim sei lá o que... 

sentimento rosa com borboletas no estômago. Uma ode cercada de versos. 
sina da sina da lira da tira 
do cisco do mito 
da forma

meio assim não sei bem o quê.
da forma inconstante
breve, trilíngue e mariposas. 

meio cá meio lá
entre pernas e versos.
então assim?

será o que então?
arranca estes meus dedos que teimam em escolher.
escolhe a mim.
escolhe a ti.

no seu sistema verborrágico
catarses
gritos e pratos
então vá.

                                                         Obra da artista plástica ALVA BERNARDINE
                                                          Poema: autoria d'esta que vos escreve. 


19 de set. de 2012
Borbulhante....



13 de set. de 2012

.:veranicos:.

Desconexões transversas...

                                         está na hora de desintegrar...



11 de set. de 2012

.:FACÍNORA:.

Ela vem aí....
                    AGUARDEM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


10 de set. de 2012

AS ROSAS DO JARDIM DE ZULA

Todo mundo é doido. A gente se esforça é pra ser são.

Super elogiada no Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto, as atrizes Talita e Andréia , com muita criatividade, pouco dinheiro no bolso e muitos amigos colaboradores, transformaram a cena em uma peça linda.
Transcorrê-la, aqui, seria desmanchar uma poesia. Não me cabe descrever o belo. Tampouco o feminino. Tampouco o olhar de duas atrizes sobre a vida de uma mulher comum: Rosângela.
Mãe, mulher? Indagam o tempo todo. Figuras que se misturam e formam os traços de uma peça capaz de fazer rir e chorar. Assim como a mulher: uma incógnita que guarda em si todos os sentimentos do mundo.
É tanta delicadeza dentro da fortaleza, que a peça se transforma em linhas poéticas...


Mulher...
Vai com a cara amarga
A boca cheia e o olhar perdido.
Segue rumo à estrada.
Colhe sonhos e colhe abismos.
Segue desvairada nesse lugar que chama de mundo.
Sozinha e quieta transborda em fundo.
É tão forte que não suporta.
Segue breve. Segue atenta.
Medo não tem. Tem saudades.
É firme. É brisa. É tormenta.
É fome. É corte. É recorte.
é só.
Mulher, forte? Sorte? Morte?
Mulher. Apenas. Tudo.


                                           Esta que vos escreve e Talita Braga, linda amiga e atriz, que me presenteou com uma peça linda e uma rosa!!! 

E notícia boa! A peça estará em cartaz!!!


Setembro
21 em Divinópolis no teatro Gravatá
29 no CASA - Centro Artístico Suspensa Armatrux em Nova Lima

Outubro
19, 20 e 21 / 26, 27, 29 no Esquyna
Rua Célia de Souza, 571 B, Sagrada Família, BH. 
31 de ago. de 2012

Idiossincrasias


Atravessando os meus eus,
Saio de mim e parto.
Movo de mim.
Desgrudo com um rastro de mel.
Atraverso, Devastroço, Desejolhar.
Nas folhas que pulo o rastro do que fui.
As lembranças que vão.
Dou à minha nova pele um cheiro diferente.
Cheiro de novo, cheiro de cor.
Devastamor. Atravimanha, desessonho.
Descascando a rotina.
Peço a trilha reta.
E desfaço os círculos dos bons momentos.
O que não volta já foi.
O que sou é o novo move-me.



22 de ago. de 2012

Cachorros não sabem blefar... O retorno!!!!

E como coisa boa deve sempre retornar...

CACHORROS NÃO SABEM BLEFAR está novamente em cartaz!!!!

E claro, já estão arrancando aplausos por onde andam!

Não percam!!!

De 24 a 02 de setembro
sextas e sábados às 21h e domingo às 20h.

no ESQUYNA
Rua Célia de Souza, 571 (esquina com rua João Gualberto Filho)
bairro Sagrada Família. BH - MG

R$ 10,00 inteira
R$ 5,00 meia

OBS: PESSOAS CHAMADAS CAIO NÃO PAGAM INGRESSO.

Leia a crítica do espetáculo AQUI
31 de jul. de 2012

.:Graça na Praça com livros e sinestesias:.

Sábado foi dia de GRAÇA NA PRAÇA. 



E lá estávamos eu e Juliene (A colecionadora de momentos) colocando livros em lugares estratégicos - bancos, árvores, canteiros, para o primeiro ávido leitor que passasse. 
Nestas nossas pernadas BH afora, conhecemos pessoas incríveis que não tem condição de ter um livros. E nós, com tantos livros guardados, resolvemos que não deixaremos para as traças. 

Um dos livros, Venenos de Deus, Remédios do Diabo, foi deixado pela Ju em uma árvore. Quando deixamos outro livro em um banco, olhamos para trás e nos deparamos com um leitor encontrando o livro. Saímos de fininho. Não gostamos de nos apresentar. O livro é um presente, nao precisa vir com furupas. 

O Graça na Praça estava a todo vapor. Nos sentamos na grama e começamos a escrever nos nossos braços e mãos:

A COLECIONADORA DE MOMENTOS

 
FLOR INSANA
                                        

Qual não foi nossa surpresa quando, o leitor que encontrou o livro de Mia Couto, sentou ao nosso lado e perguntou:

- Vocês que deixaram este livro aí?

- Sim, fomos nós...

Então, num ato brutal, ele começou a rasgar o livro, acendeu um isqueiro e começou a queimá-lo!

- Vocês são do diabo. Não gosto dessas coisas não.

Juliene foi a primeira a questionar:

- Por que você está fazendo isso? Se não gostou do livro, deixe ele no lugar que encontrou, e procure outro pra você. Tem vários pela praça.

- Eu não, estou com medo de vocês.

A Juliene conseguiu salvar o livro (ou o que restou dele), e deu outro de presente ao leitor. 
Mas aquela história estava longe de terminar. Ele ficou sem graça, sentou e começou a conversar calmamente...

Seu nome é Oscar. 
Oscar veio do interior de Minas a procura de emprego. Não encontrando, morou na praça por muitos meses. Faz vários serviços: pregar cortinas, lavar carros, pintar paredes. Não rouba, fuma e bebe socialmente, segundo ele. 
Hoje, com os poucos trocados que ganha, paga um quartinho no apartamento de um amigo. Adotou um cachorro de rua, o "Demorando", que mora na praça, mas é diariamente alimentado por Oscar, que sai de porta em porta pedindo ração, coleira, vasilha com água. E assim, transformou o "Demorando" no querido da praça. 

                                           A COLECIONADORA DE MOMENTOS e DEMORANDO


Oscar é um exímio leitor. Lê de tudo. Mas como a grana é curta, tem que ler os jornais baratos. Mas não gosta, ele diz. Prefere os livros e jornais grandes. E aquele livro era seu primeiro. Gostou. Saiu pela praça procurando por mais. Acreditamos que tenha encontrado.

Oscar nos marcou. Pela vontade imensa de ler. De viver. De ser. 

Fato curioso: Seus amigos se aproximaram e ele comentou a sua estripolia com o livro. Eles começaram a rir e disseram: Não se julga um livro pela capa!

Taí... Gostei!!

                                                  Oscar e seu novo livro "Histórias Mineiras"

                                           Oscar Leitor



                                           Faça como a gente! Deixe um livro na praça!!!!


24 de jul. de 2012

" Criativa diferença"

Meu mais novo texto no portal Ágora.

                                    Clique AQUI

22 de jul. de 2012

"Interno"









Fico um tanto animalizada

                                       quando convivo excessivamente com humanos.... 
18 de jul. de 2012

"prelúdio"

            
Sou inconstante nas minhas sinas. Mexo e desdobro em mil partes este origami sem fim. Encontro apenas os limites físicos que me impedem sair e alcançar algo longínquo.
            Tento, de todas as maneiras, fugir para alguma esbórnia que aceite o sono profundo, pelo menos por alguns dias. A distância entre dois pontos está maior que meus olhos possam enxergar.
            Nesta infinitude, me encontro perdida nos emaranhados empapelados e encrustados na pele. Sigo para qualquer caminho que me abra uma porta e veja pelo menos que encolhi.
            Corro atrás dos horizontes pueris que vageiam na minha memória e teimam em não desaparecer.  Lembranças desastradas, sujas e enferrujadas.
            Essa existência incomodativa cansa. A sequencia de erros matemáticos mostram o quão estranha está toda essa história. Tento encontrar atrás dos quadros e dos rostos algo que justifique meu pensar.
Tento, nas palavras tristes, encontrar um fundamento que justifique essa errância... Se ela era, desencanto terrivelmente da realidade e parto, nas minhas inconstâncias, para caminho diverso, antes habitado somente no inconsciente.
Parto rumo ao meu nada, aos meus vazios, aos meus buracos internos que precisam ser preenchidos por qualquer letra que apareça. Foi necessário lamber todas as feridas para encontrar meus humanos obstáculos.
Tal qual olho pela janela e sinto um novo dia, olho para o nada e vejo infinito. Tão inconstante como meus emaranhados, tão sutil como as sinestesias, tão forte quanto a vontade de mudar...
17 de jul. de 2012

"sustenido"



Eu tenho medo
Dessa fome que me rasga
Dessa pedra
Que me abala
Desse forte
Que me vê.
Eu tenho força
Pra cair no seu retrato
Pra criar o seu cenário
E dentro dele me render.
Eu tenho chama
Pra cuidar dos seus anseios
Pra curtir os seus apegos
Pra poder me desprender.
Eu tenho sorte
De estar bem na lembrança
De sentir feito criança
De poder me entender.
Eu tenho gana
Se pedir todo abraço
De dar causa ao teu amasso
De poder surpreender.
Eu tenho dores
De sentir todos tremores
De causar os desamores
e depois agradecer.
E no final
Naquele choro sustentado
Naquele caos abarrotado
eu vou nele apodrecer.
E assim
Quando chegar o infinito
Vou dar cordas nos ouvidos
Pular nos seus abismos
E dentro dele preencher...

OHLEMREV

 
 
Vermelho
do verme
do elho do olho
do melho, do molho
do mel, do velho

do pelo, do vê-lo, do tê-lo
do mel, tão véu

merve, olhe
ver melhor
melhor ver

vermelho intenso
vermelho forte
vermelho

verme vermelho
velho vermelho
véu vermelho

vermelho solitário.
25 de jun. de 2012

"PALHAÇOS À VISTA"

...e eu gosto de uma arte genuína!

Os circos internacionais dominaram o mercado da classe média alta e quase aniquilaram a cultura do circo errante, do toldo colorido, dos palhaços caricatos dos malabares, da alegria interiorana. 

Mas não conseguiram. Existem artistas nada errantes que transformam a magia do circo em uma arte incrível, capaz de causar comoção da criança mais tímida ao adulto mais sério. E assim é a COMPANHIA CIRCUNSTÂNCIA que, por onde passa, leva a magia do circo cru e bastante inteligente.

No espetáculo PALHAÇOS À VISTA, uma trupe de 4 palhaços roda o Brasil mantendo a tradição de um circo herdado. Com direito a picadeiro, malabares e piadas (às vezes internas), o grupo leva a platéia ao delírio da risada. 

São surpreendentes na forma, no conteúdo, na simplicidade, no sorriso. ALEGRIA, GUIMBA, BAMBULINO e REPIMBOCA mostram que a magia no circo não está esquecida. Com um pequeno toque, os palhaços transbordam a arte que perdura há décadas, séculos... e que continua a brilhar nos olhos de qualquer idade.

O espetáculo é para a criança. A pequena criatura que dá os primeiros passos, aquele que lê as primeiras palavras, aquele que dá o primeiro beijo, o que tenta o vestibular, o que arruma o primeiro emprega, o que casa, o que tem filhos, netos, bisnetos... É para a criança que habita nos quatro cantos da pele humana que insiste em sair. 

Os palhaços trazem o sorriso, ganham o verso e transformam o espetáculo em pura prosa!

E terminam à lá Exupéry. Bem em cima do planeta B612!

                                           PALHAÇOS À VISTA

"Sinto muito, acabaram-se os pães"

"Otávio precisa migrar, mas sem Irene quem irá alimentá-lo?"




COMO PODE UM PEIXE VIVO VIVER FORA D'ÁGUA FRIA
COMO PODE UM PEIXE VIVO VIVER FORA D'ÁGUA FRIA
COMO PODEREI VIVER?
COMO PODEREI VIVER?
SEM A TUA
SEM A TUA
SEM A TUA COMPANHIA...
SEM A TUA
SEM A TUA
SEM A TUA COMPANHIA...


E no sábadão da virada, eis que me deparo com uma mensagem da CIA CINCO CABEÇAS convidando os amantes do teatro a assistir a cena curta "SINTO MUITO, ACABARAM-SE OS PÃES", com os cabeçudosByron O'Neill e Carol Oliveira.

Como sempre, as Cabeças surpreenderam. Com um texto denso, desfaz o etéreo e, com simplicidade, mostra a angústia de personagens que teimam em se separar... ou não...
Os pães se acabam e a mudança é necessária. Mas como mudar em universos pessoais tão limitados?

A cena pega o mais profundo da angústia da dependência. 

Surpreendente. Sinestésico.

Porque os Cabeçudos fizeram toda a diferença no sabadão da Virada!!!
17 de jun. de 2012

"Eu não comi James Joyce"

Ele tinha glúten. 

Adoro rituais antropofágicos. Mas vivi uma experiência desagradável, amadora e despudorada de sentimentos. 

Por um momento, vi Madame Butterfly totalmente fora do tom, segurando uma cabeça mal feita do escritor e, ainda, provocando uma chacota generalizada. 

Essa armadilha da pós-modernidade atinge a todos sem exceção, chegando a causar desconforto e contrangimento também no campo das artes. Demasiados artistas perdem o rumo no labirinto. Sim, é muito fácil nos perder uns dos outros e de nós mesmos. 
Citando MARSHALL BERMAN: "Ser modero é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor - mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que tempos, tudo o que sabemos, tudo o que somos". 

Em consequencia, encontramo-nos hoje em meio a uma era moderna que perdeu contato com as raízes da sua própria modernidade.

O antropofágico não precisa ser piegas. Eu gosto de bingo e adoro a idéia de pescar batatas e ganhar um ovo frito no final. Mas eu não como um corpo de pão. Não concordo com uma gueixa mau construída. 

Eu levo a arte a sério. Assim como respeito os sonhos de uma criança, as expectativas dos adolescente e os devaneios dos adultos. A arte engraçada também é feita com seriedade e respeito.

Eu não tiro uma folha amassada do bolso e leio sem qualquer sentimento. Já li textos do Guimarães Rosa para uma platéia de 200 pessoas. Eu vivi Diadorim por um curto espaço de tempo. Minha voz se misturou às palavras escritas. Sim, eu me engoli e dei lugar à personagem enigmática do Grande Rosa.

Mas não consegui enxergar James Joyce ontem. Uma pena! 

Nao senti a antropofagia sinestésica prometida.

 Não vou comer James Joyce. Vou procurar por ele até o próximo BLOOMSDAY.....

                                           PERDIDO! PROCURA-SE!!!!
15 de jun. de 2012

.:Ele é Flamengo e tem uma nega chamada Teresa:.

Cazuza já dizia que morrer não dói. 
Será?

E quando me deparo com um corpo cansado, penso que aquela alma que ali habita precisa aproveitar cada segundo sinestésico da vida: sentir o cheio da música, o sabor da poesia, a cor do vento, a doçura da voz, o calor do abraço e, inclusive, sentir o vazio mais íntimo do ser e perceber que corpo e alma não se confundem, apenas se misturam por um período de tempo. E que sim, tudo que é sólido, um dia, se desmancha no ar.

E assim, temos que nos acostumar com a imaterialidade do ser e com a imensidão da alma. 

Mas o corpo daquele homem está indo embora aos poucos. Ele chora, ri, se emociona, se conforta, dorme, come, toma remédio...
Ele sabe que as sinestesias são muitas, mas o tempo é pouco. Pouco para o corpo. Muito para a alma.

Já sinto um pouco da sua alma tomando conta do mundo. E já sei que, no dia da passagem, estarei feliz por saber que ele fez a diferença: com sua alegria, criou aviõezinhos de madeira lindos, gravou meus choros na infância (e guardou todas as fitas), espalhou seu amor pelos quatro cantos (e seu mau humor também). Ah sim, ele é flamenguista convicto e se casou com a Teresa!!! E ainda, com o corpo cansado, tem o abraço mais apertado e verdadeiro que já senti. 

Um dia, vou sentir saudade desse abraço cheio de carne. Mas sei que terei sempre um abraço cheio de alma. Ele vai estar lá: no casamento que vai chegar, nos netos que vão nascer, nas dificuldades que vou passar. E até mesmo na cirurgia que, um dia, vai acontecer... 

Te amo, vô. Hoje, pra sempre, no sempre, no todo. Na alma.

                                           Os avós são as melhores companhias do sempre. Do todo...