17 de jun. de 2012

"Eu não comi James Joyce"

Ele tinha glúten. 

Adoro rituais antropofágicos. Mas vivi uma experiência desagradável, amadora e despudorada de sentimentos. 

Por um momento, vi Madame Butterfly totalmente fora do tom, segurando uma cabeça mal feita do escritor e, ainda, provocando uma chacota generalizada. 

Essa armadilha da pós-modernidade atinge a todos sem exceção, chegando a causar desconforto e contrangimento também no campo das artes. Demasiados artistas perdem o rumo no labirinto. Sim, é muito fácil nos perder uns dos outros e de nós mesmos. 
Citando MARSHALL BERMAN: "Ser modero é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor - mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que tempos, tudo o que sabemos, tudo o que somos". 

Em consequencia, encontramo-nos hoje em meio a uma era moderna que perdeu contato com as raízes da sua própria modernidade.

O antropofágico não precisa ser piegas. Eu gosto de bingo e adoro a idéia de pescar batatas e ganhar um ovo frito no final. Mas eu não como um corpo de pão. Não concordo com uma gueixa mau construída. 

Eu levo a arte a sério. Assim como respeito os sonhos de uma criança, as expectativas dos adolescente e os devaneios dos adultos. A arte engraçada também é feita com seriedade e respeito.

Eu não tiro uma folha amassada do bolso e leio sem qualquer sentimento. Já li textos do Guimarães Rosa para uma platéia de 200 pessoas. Eu vivi Diadorim por um curto espaço de tempo. Minha voz se misturou às palavras escritas. Sim, eu me engoli e dei lugar à personagem enigmática do Grande Rosa.

Mas não consegui enxergar James Joyce ontem. Uma pena! 

Nao senti a antropofagia sinestésica prometida.

 Não vou comer James Joyce. Vou procurar por ele até o próximo BLOOMSDAY.....

                                           PERDIDO! PROCURA-SE!!!!

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